O álcool 70% é um dos antissépticos mais populares em ambientes de saúde e também em casa. Mas será que ele deve ser usado em feridas abertas? Apesar de muito difundido, o uso do álcool em lesões cutâneas levanta dúvidas entre profissionais, pacientes e cuidadores.
Neste artigo, vamos esclarecer o que dizem os estudos e recomendações oficiais sobre o tema.
O que é o álcool 70%?
O álcool 70% é uma solução composta por 70% de etanol e 30% de água, proporção considerada ideal para penetrar na membrana celular de microrganismos e promover sua destruição. É amplamente utilizado para higienização de superfícies, antissepsia de mãos e limpeza de instrumentos.
Sua eficácia é comprovada contra bactérias, vírus e fungos, principalmente quando utilizado corretamente. O álcool 70% pode ser encontrado em forma líquida ou em gel e deve ter registro ou autorização da Anvisa para comercialização.
O álcool 70% é indicado para feridas?
Não. O uso de álcool 70% em feridas abertas não é recomendado.
Segundo o Manual de Curativos do Ministério da Saúde e publicações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool 70% pode causar dor intensa, irritação, necrose tecidual e retardar o processo de cicatrização.
O motivo é simples: o etanol é uma substância agressiva para células epiteliais e, ao ser aplicado diretamente sobre um tecido lesionado, danifica não apenas os microrganismos, mas também as células sadias envolvidas no reparo da pele.
“O álcool não deve ser utilizado em feridas abertas, pois tem efeito citotóxico, podendo retardar o processo de cicatrização.”
— Ministério da Saúde, 2020
Por que o álcool 70% arde em feridas?
A ardência provocada pelo álcool em feridas é resultado de seu alto poder desidratante. Ele rompe as membranas celulares, causa desnaturação de proteínas e lesiona terminações nervosas na região da lesão, provocando dor intensa.
Além disso, sua ação é indiscriminada: destrói tanto microrganismos quanto células epiteliais responsáveis pela cicatrização.
O que usar no lugar do álcool 70% em feridas?
Em substituição ao álcool 70%, as melhores opções para higienização e cuidado de feridas são:
Soro fisiológico (0,9%)
- Utilizado para limpeza mecânica suave de feridas.
- Não interfere na viabilidade celular nem causa dor.
- Ideal para remoção de detritos e controle da carga microbiana.
2. Clorexidina aquosa 0,5%
- Antisséptico com ação bactericida eficaz.
- Apresenta baixa toxicidade tecidual quando usado em baixas concentrações.
- Indicada para limpeza de feridas e pele íntegra.
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3. Curativos modernos
- Curativos com prata, hidrocolóides, hidrogéis, espumas e alginatos, que promovem cicatrização acelerada e menor dor.
- Além de proteção, ajudam a manter o ambiente úmido e controlam infecção local.
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Situações em que o álcool 70% pode ser utilizado
Embora não seja indicado para feridas, o álcool 70% continua sendo importante em várias etapas do cuidado:
- Antissepsia da pele íntegra: antes de procedimentos invasivos como aplicação de injeções ou punções venosas.
- Higienização das mãos: especialmente na versão gel, com ação antisséptica rápida.
- Limpeza de superfícies e equipamentos: quando se deseja eliminar bactérias e vírus com rapidez.
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Importante: mesmo nesses usos, é necessário seguir as orientações da Anvisa sobre concentração, tempo de contato e cuidados de armazenamento.
Por que o uso inadequado do álcool 70% pode ser prejudicial?
Além da dor, o uso indevido do álcool pode agravar o quadro da lesão. Entre os principais riscos estão:
- Necrose tecidual: morte de células responsáveis pela cicatrização.
- Retardo no fechamento da ferida: por destruição de fibroblastos e células da epiderme.
- Infecções secundárias: ao alterar o microambiente e prejudicar a barreira de proteção natural.
- Cicatrizes inestéticas: devido à destruição de colágeno e aumento do processo inflamatório.
Mitos comuns sobre o álcool em feridas
“Se arde, é porque está funcionando.”
Esse é um dos mitos mais perigosos. Ardência não é sinônimo de eficácia — pode indicar lesão adicional.
“É bom para matar bactérias.”
Sim, mas também mata células do próprio corpo. A limpeza deve priorizar produtos com seletividade microbiana e baixa toxicidade.
“Sempre usei e nunca tive problema.”
Feridas podem cicatrizar mesmo com erros no manejo, mas isso não significa que foi o melhor cuidado possível. Feridas profundas ou extensas exigem orientação profissional.
- Lave as mãos antes e depois do procedimento.
- Higienize a ferida com soro fisiológico ou solução antisséptica segura.
- Evite produtos agressivos como álcool, água oxigenada e mercúrio.
- Cubra a ferida com curativo apropriado e troque conforme orientação.
- Procure ajuda profissional se houver sinais de infecção.
Conclusão
Embora o álcool 70% tenha grande importância no combate a microrganismos, ele não deve ser usado em feridas abertas. Seu uso inadequado pode causar mais danos do que benefícios, retardando a cicatrização e aumentando o risco de complicações.
O cuidado correto exige produtos indicados, higiene rigorosa, atenção à dor e à individualidade de cada paciente. Seja em casa ou em ambientes clínicos, é essencial seguir as orientações dos profissionais e das instituições de saúde para garantir uma recuperação segura e eficaz.
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Fontes consultadas:
- Ministério da Saúde. Manual de Curativos. 2ª edição, 2020.
- Organização Mundial da Saúde. WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care. 2009.
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 42/2010.
Publicado Por
Gabriela Guimarães
Pós-graduada em Marketing Digital pela PUC Minas, atua desde 2020 no setor da saúde, desenvolvendo estratégias de comunicação e produzindo conteúdos relevantes e confiáveis para a área.
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