Os efeitos da música na saúde

Os efeitos da música na saúde

A música está em tudo: fones no trajeto, trilhas no trabalho, cantigas na infância, corais na maturidade. Além do prazer, pesquisas mostram que ouvir, cantar ou tocar música pode influenciar humor, estresse, dor, sono, foco e socialização.  

Este artigo traduz o que a ciência aponta e ensina como aplicar de forma segura no cotidiano, sem promessas milagrosas. Ao final, há um checklist prático e respostas para dúvidas comuns. 

O que a ciência já indica   

  • Humor e ansiedade: playlists calmas ajudam a reduzir tensão antes de situações estressantes (provas, reuniões, consultas) e a melhorar o humor em quadros leves a moderados quando somadas a outras estratégias (atividade física, terapia, higiene do sono). 
  • Dor: a música diminui a percepção de dor e o desconforto associado, sobretudo quando a pessoa escolhe o que ouvir e combina com técnicas de respiração. 
  • Sono: ouvir faixas de 60–80 bpm e baixa complexidade sonora, perto de dormir, facilita a transição para o sono em adultos e crianças. 
  • Foco e produtividade: músicas sem letra (ou em idioma que você não processa) e com ritmo estável tendem a reduzir distrações em tarefas cognitivas. 
  • Movimento e exercício: a batida ajuda no ritmo de caminhada e melhora a percepção de esforço em treinos aeróbicos. 
  • Envelhecimento e conexão social: cantar em grupo e ouvir músicas significativas estimula memória afetiva, reduz isolamento e melhora qualidade de vida em idosos. 

Esses efeitos não substituem tratamentos indicados, mas complementam planos de cuidado e rotinas de bem-estar. 

Como usar música no cotidiano   

1. Para reduzir estresse no dia a dia 

  • Antes de um evento tenso (apresentação, prova, consulta), ouça 10–20 minutos de faixas lentas (60–80 bpm) que você considera aconchegantes
  • Combine com respiração 4-4-8 (inspire 4s, mantenha 4s, solte 8s) enquanto escuta. 

2. Para dormir melhor 

  • Crie um ritual de 30–45 minutos com músicas calmas sem surpresas dinâmicas (sem picos de volume). 
  • Evite fones intra-auriculares na cama; prefira caixa de som em volume baixo (seguro) ou headband macio
  • Associe a uma rotina previsível (luz amena, tela longe, banho morno). 

3. Para foco no estudo e no trabalho 

  • Teste música instrumental (piano, lo-fi, clássica minimalista) ou sons ambientes (chuva, floresta) por pomodoros de 25–50 min
  • Se letras te distraem, use idioma desconhecido ou sem voz
  • Registre como você rende melhor (tarefa X playlist Y). 

4. Para treinar e se movimentar 

  • Monte playlists com ritmo próximo à sua cadência (por exemplo, 120–140 bpm para caminhada rápida). 
  • Use a batida para marcar passos em reabilitação leve ou retorno gradual à atividade. 

5. Para crianças 

  • Cantigas e instrumentos simples (pandeiro, chocalho) desenvolvem ritmo, linguagem e vínculo
  • Crie uma “trilha do sono” e uma trilha da brincadeira para sinalizar rotinas. 

6. Para adultos 60+ 

  • Corais comunitários, rodas de canto e playlists de músicas da juventude favorecem memórias positivas e interação social
  • Combine com alongamento leve ao som de faixas conhecidas. 
Foto de uma mulher ouvindo música para relaxar enquanto anda na rua

Personalização: a melhor música é a que “funciona para você” 

  • Preferência importa: peça-chave do efeito é gostar do que se escuta. Se a trilha sugerida te irrita, troque. 
  • Dose e momento: comece com 15–20 min e ajuste para mais/menos conforme resposta. 
  • Volume seguro: você consegue conversar sem esforço por cima da música? Se não, está alto demais. 
  • Contexto: músicas que remetem a boas memórias tendem a funcionar melhor para relaxamento; ritmos marcados ajudam foco/movimento. 

O que evitar   

  • Não é cura isolada: música não substitui psicoterapia, medicação ou fisioterapia quando indicadas. 
  • Hipersensibilidade a som: pessoas com enxaqueca, zumbido ou hipersensibilidade sensorial podem piorar com certos estímulos; ajuste volume/timbre
  • Fones por horas: favorecem fadiga auditiva; faça pausas e mantenha higiene dos acessórios. 
  • Direitos autorais e ambientes coletivos: ao tocar música em espaços públicos, respeite as regras locais. 

Três “kits” de playlists para começar 

Não prenda tudo a um gênero; teste e observe o que mais ajuda. 

  1. Relaxamento/estresse: piano minimalista, neoclássico, lo-fi suave, trilhas “ambient”. 
  1. Foco/estudo: eletrônica leve sem drops, trilhas instrumentais, sons da natureza. 
  1. Movimento/ânimo: pop/funk/samba/rock com cadência estável e letra positiva (se não te distrair). 

Dica: crie versões curtas (20–30 min) e longas (60–90 min) da mesma proposta para diferentes janelas do dia. 

Foto de uma mulher ouvindo música enquanto anda de bicicleta

Perguntas frequentes

1) Existe “a” melhor música para relaxar?

Não. Há padrões úteis (bpm mais baixo, timbres suaves), mas a preferência pessoal é decisiva. Teste, observe e ajuste. 

2) Música com letra atrapalha o foco? 

Para muita gente, sim, especialmente em tarefas de leitura e escrita. Em atividades repetitivas, a letra pode não atrapalhar ou até ajudar. 

3) Em dor crônica, ajuda? 

Pode reduzir a percepção de dor e melhorar o bem-estar, principalmente quando combinada com respiração, relaxamento e educação em dor. Procure orientação se a dor for persistente. 

4) Idosos com demência se beneficiam? 

Sim, sobretudo em humor, agitação e conexão social. Para memória/cognição, os resultados variam. Aposte em músicas significativas para a pessoa e em interação (cantar, bater palmas). 

5) Crianças podem dormir com música? 

Podem, desde que volume baixo, faixas calmas e previsíveis e que a música faça parte do ritual regular de sono. 

Checklist rápido para colocar em prática hoje 

  • Escolha 1 objetivo (relaxar, dormir, focar ou se movimentar). 
  • Monte 1 playlist de 20–30 min adequada ao objetivo. 
  • Defina um horário fixo por 7 dias (ex.: 22h para sono; 8h para foco). 
  • Ajuste volume seguro, teste respiração e anote como se sente antes/depois. 
  • Revise ao final da semana: mantenha o que funcionou, troque o que não ajudou. 

Conclusão 

Música é ferramenta prática, acessível e segura para reduzir estresse, melhorar humor, apoiar o sono, favorecer foco e dar ritmo ao movimento. Funciona melhor quando é personalizada, integrada à rotina e combinada a outras estratégias de saúde. Comece pequeno, observe seu corpo e mantenha o que faz bem

Fontes consultadas

  • OMS/WHO – Arts & Health (HEN Report 67, 2019) – PDF oficial. apps.who.int/iris/… WHO Apps 
  • Cochrane Review – Music therapy for depression (Aalbers et al., 2017). cochranelibrary.com/… Cochrane Library 
  • Cochrane News – Music-based therapy may improve depressive symptoms in people with dementia (2025). cochrane.org/… Cochrane 
  • NIH/NCCIH – Music and Health: What You Need To Know (visão geral para o público). nccih.nih.gov/… NCCIH 
  • NIH/NCCIH – Music and Health (providers’ digest). nccih.nih.gov/… NCCIH 
  • NIH/NCCIH – Music and Health: What the Science Says (síntese sobre dor e outros desfechos). nccih.nih.gov/… NCCIH 
  • NIH/NCCIH – Music as Medicine: The Science and Clinical Practice (relatório/resumo do workshop, 2024) – PDF. files.nccih.nih.gov/… NCCIH 
  • American Heart Association – Stress and Heart Health (2024). heart.org/… www.heart.org 

(As evidências indicam benefício especialmente para estresse/ansiedade, dor e bem-estar; efeitos em cognição variam por protocolo e população. Procure orientação profissional quando houver diagnóstico ou sintomas persistentes.) 

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