Na rotina da saúde, a luva descartável é um dos EPIs mais usados. Ela ajuda a reduzir o risco de contaminação das mãos do profissional e de transmissão de microrganismos entre pacientes, especialmente quando há contato com sangue, fluidos corporais e materiais potencialmente infectantes.
Diretrizes nacionais de biossegurança reforçam, porém, dois pontos importantes:
luvas não substituem a higienização das mãos – é obrigatório higienizar antes de calçar e após remover;
existe um tipo de luva mais adequado para cada situação, considerando risco biológico, exposição a produtos químicos, conforto, risco de alergia e custo.
Neste guia, vamos comparar luvas de látex, nitrílica e vinil, explicando:
características de cada material;
vantagens e limitações;
para quais procedimentos são mais indicadas;
como fazer escolhas seguras, alinhadas às recomendações oficiais.
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Por que a escolha da luva importa
Segundo o Ministério da Saúde e a Anvisa, luvas cirúrgicas e de procedimento precisam atender a requisitos de identidade e qualidade, incluindo resistência mecânica e impermeabilidade, para garantir proteção real a profissionais e pacientes.
Ao mesmo tempo, documentos de biossegurança e de prevenção de infecção lembram:
luvas reduzem, mas não eliminam o risco de contaminação;
uso inadequado (por exemplo, circular pelo serviço com mãos enluvadas, tocar superfícies comuns, reutilizar luvas) pode aumentar o risco;
alguns materiais oferecem melhor barreira a fluidos e microrganismos que outros;
alergia ao látex é um problema ocupacional reconhecido, exigindo alternativas para profissionais e pacientes sensíveis.
Por isso, a escolha entre látex, nitrílica e vinil não é apenas uma “preferência pessoal”: envolve análise de risco do procedimento e características do profissional/paciente.
Tipos de luvas descartáveis na saúde
De forma simplificada, as luvas descartáveis usadas em serviços de saúde se dividem em:
luvas de procedimento (não estéreis) – indicadas para procedimentos não cirúrgicos;
luvas cirúrgicas (estéreis) – indicadas para cirurgias e procedimentos invasivos.
As duas categorias podem ser fabricadas em diferentes materiais: látex, nitrilo (nitrílica) ou vinil (PVC), todos sob vigilância sanitária e com requisitos mínimos definidos pela Anvisa.
1. Luvas de látex
As luvas de látex são produzidas a partir de borracha natural, com alta elasticidade, boa sensibilidade tátil e excelente ajuste às mãos.
Vantagens principais:
ótima elasticidade e adaptação à forma da mão;
boa sensibilidade tátil, importante em procedimentos delicados;
boa barreira a fluidos biológicos quando fabricadas de acordo com as normas.
Limitações:
risco de alergia ao látex (imediata ou tardia), tanto em profissionais quanto em pacientes;
não são as mais indicadas para alguns tipos de agentes químicos específicos, dependendo da concentração e tempo de exposição – a indicação deve seguir ficha técnica e avaliação de risco local.
Manuais de biossegurança do Ministério da Saúde orientam o uso de luvas de látex descartáveis em situações com chance de contato com sangue, fluidos corporais, dejetos e material biológico, como exame físico, coleta de material e manejo de secreções.
2. Luvas nitrílicas
As luvas nitrílicas são produzidas a partir de borracha sintética (nitrilo). Foram desenvolvidas como alternativa ao látex, especialmente diante do aumento de casos de alergia ocupacional.
Vantagens principais:
não contêm látex natural, sendo opção importante para profissionais e pacientes com alergia ao látex;
boa resistência mecânica e química, sendo frequentemente indicadas quando há possibilidade de contato com determinados produtos químicos, além de sangue e fluidos;
boa barreira a fluidos e microrganismos, com desempenho em geral comparável ou superior ao látex em testes de permeabilidade, conforme estudos recentes.
Limitações:
em alguns modelos, podem ser menos elásticas e um pouco menos “macias” que o látex;
podem conter aditivos químicos que causem dermatite de contato em indivíduos sensíveis.
3. Luvas de vinil
As luvas de vinil são feitas de policloreto de vinila (PVC), um plástico flexível. São mais comuns em contextos de baixo risco, fora de procedimentos com grande exposição a sangue ou fluidos.
Vantagens principais:
custo geralmente mais baixo que látex e nitrilo;
livres de látex, o que pode ser útil em indivíduos com alergia ao látex;
podem ser uma opção em atividades rápidas, de baixo risco biológico, com pouco contato com fluidos.
Limitações importantes:
diversos documentos de biossegurança e revisões internacionais apontam que luvas de vinil possuem menor desempenho de barreira que látex e nitrilo, especialmente sob tração e ao longo do tempo de uso;
boletim técnico citado pelo Coren-BA, fundamentado em alerta da Anvisa, destaca que luvas de vinil não são indicadas quando há contato com certos fluidos corporais, reforçando a necessidade de avaliar o risco do procedimento antes de utilizá-las.
Em resumo: vinil costuma ser reservado a atividades de baixo risco, sem exposição significativa a sangue ou fluidos de alto risco.
Como escolher: risco do procedimento, alergia e conforto
A escolha do tipo de luva deve partir de três perguntas básicas:
Qual é o risco do procedimento? – Haverá contato (ou risco de respingo) com sangue, secreções, fluidos corporais, materiais biológicos?
Há alergia ou sensibilidade conhecida ao látex?
Qual é a duração e a frequência de uso ao longo do plantão?
1. Procedimentos com risco de contato com sangue e fluidos
Para procedimentos com chance de contato com sangue, fluidos corporais, secreções, dejetos, materiais potencialmente infectantes ou perfurocortantes, manuais do Ministério da Saúde, Fiocruz e órgãos de vigilância recomendam luvas com boa barreira e desempenho comprovado, como látex ou nitrilo, respeitando alergias.
Luvas de vinil, por terem menor resistência e desempenho de barreira, não são a escolha preferencial nessa situação.
2. Atendimento a pessoas com alergia ao látex ou profissionais sensibilizados
Diretrizes de biossegurança e prevenção de alergia ocupacional recomendam substituir luvas de látex por luvas nitrílicas ou outros materiais compatíveis sempre que houver alergia confirmada ou suspeita.
Nesses casos, nitrilo costuma ser a primeira opção por oferecer boa barreira e desempenho semelhante ao látex, sem o risco relacionado à proteína do látex natural.
3. Atividades de baixo risco biológico
Para atividades com baixo risco de contato com fluidos – por exemplo, algumas atividades administrativas em áreas de apoio, manipulação de produtos não biológicos ou tarefas rápidas com mínimo risco de exposição – alguns protocolos admitem o uso de luvas de vinil, considerando avaliação de risco local.
Mesmo assim, vale reforçar: a decisão deve estar alinhada ao manual de biossegurança do serviço e às recomendações da CCIH ou responsável técnico.
Quando usar cada tipo: visão prática
A tabela abaixo traz um resumo de uso típico em serviços de saúde, sempre lembrando que o protocolo institucional é soberano:
Situação / Procedimento
Látex
Nitrílica
Vinil
Contato com sangue e fluidos (exames, coletas, curativos)
Geralmente indicada
Indicada (especialmente se alergia ao látex)
Não recomendada como primeira escolha
Procedimentos invasivos não cirúrgicos
Indicada
Indicada
Não recomendada
Manuseio de alguns agentes químicos em laboratório
Seja qual for o material, alguns princípios são consenso em documentos da OMS, Ministério da Saúde e Anvisa:
Luvas não substituem higiene das mãos. Higienizar sempre antes de calçar e depois de remover.
Trocar de luvas entre pacientes e entre diferentes sítios de um mesmo paciente quando houver risco de contaminação cruzada.
Não circular pelo serviço com mãos enluvadas, tocando maçanetas, telefones, teclados ou outros objetos de uso comum.
Não reutilizar luvas descartáveis: são de uso único, devendo ser descartadas após o procedimento.
Escolher tamanho adequado, evitando luvas apertadas (que rasgam mais facilmente) ou muito largas (que reduzem destreza).
Armazenar as luvas em local seco, protegido de calor excessivo e luz direta, respeitando validade e orientações de rotulagem.
Conclusão
A pergunta “luva de látex, nitrílica ou vinil – qual usar?” não tem uma resposta única e absoluta. A chave está em combinar três elementos:
Risco do procedimento (contato com sangue, fluidos, químicos, duração);
Perfil do profissional e do paciente (alergia ao látex, conforto, adaptação);
Qualidade e conformidade do produto (registro na Anvisa, normas de desempenho).
De forma geral:
látex segue sendo uma opção de alto desempenho tátil e boa barreira em muitos procedimentos com fluidos, desde que não haja alergia;
nitrilo é a alternativa preferencial em alergia ao látex e em diversos cenários que exigem boa resistência mecânica e química;
vinil pode ter lugar em atividades de baixo risco biológico, mas não é a primeira escolha para procedimentos com exposição significativa a sangue e fluidos.
Tudo isso, sempre lembrando: luvas não substituem a higiene das mãos, não devem ser reutilizadas e precisam ser usadas de forma racional, seguindo protocolos institucionais, manuais de biossegurança e recomendações de órgãos reguladores.
Pós-graduada em Marketing Digital pela PUC Minas, atua desde 2020 no setor da saúde, desenvolvendo estratégias de comunicação e produzindo conteúdos relevantes e confiáveis para a área.
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