A história da medicina sempre foi marcada por grandes nomes e, por muito tempo, quase todos masculinos. Felizmente, esse cenário vem mudando: a presença feminina na medicina cresce a cada ano, refletindo uma transformação histórica, social e cultural.
Neste artigo, vamos entender como se deu essa evolução, os principais marcos da trajetória feminina na área da saúde, os desafios que ainda persistem e por que a equidade de gênero na medicina é tão importante para a sociedade como um todo.
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A trajetória das mulheres na medicina: uma conquista construída com coragem
Durante séculos, a medicina foi uma área restrita aos homens. As mulheres que atuavam em cuidados com a saúde o faziam de forma informal, como parteiras, curandeiras ou cuidadoras. Poucas tinham acesso a formação formal, e muitas vezes eram perseguidas ou invisibilizadas.
No Brasil, a primeira mulher a se formar em medicina foi Rita Lobato Velho Lopes, em 1887. Ela enfrentou forte resistência da sociedade e da própria comunidade médica. Sua conquista abriu caminho para outras, mas o avanço foi lento. Só nas últimas décadas é que vimos um crescimento expressivo da participação feminina.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), as mulheres já são maioria entre os médicos com até 34 anos, representando 58,5% nessa faixa etária. A tendência é que essa proporção continue crescendo, já que mais da metade dos estudantes de medicina também são mulheres.
Mulheres na medicina hoje: onde estamos?
Atualmente, a presença feminina na medicina é uma realidade consolidada. As mulheres atuam em todas as especialidades, ocupam cargos de liderança, estão à frente de pesquisas científicas e transformam o cuidado com o paciente por meio da empatia e da escuta ativa.
De acordo com a Demografia Médica 2023, do CFM:
As mulheres representam 47,3% dos médicos no Brasil;
Em estados como Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, já são maioria no total de registros;
São maioria entre os médicos com menos de 34 anos, e minoria entre os com mais de 55, mostrando que a mudança é geracional.
Contudo, apesar do avanço, ainda há desigualdades importantes que precisam ser discutidas e combatidas.
Desafios enfrentados pelas mulheres na medicina
Mesmo com o crescimento da participação, as mulheres médicas ainda enfrentam diversos obstáculos estruturais e culturais. Os principais são:
1. Desigualdade salarial
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), médicas ganham, em média, 30% menos do que médicos, mesmo quando exercem a mesma função. A disparidade é ainda maior em cargos de chefia e em setores privados.
2. Baixa representatividade em cargos de liderança
Apesar de altamente capacitadas, as mulheres ainda são minoria em cargos como chefias de equipe, diretorias hospitalares e presidência de sociedades médicas.
3. Jornada dupla
Conciliar a vida profissional com a maternidade e as tarefas domésticas ainda é um desafio para muitas médicas. A falta de políticas de apoio, como licença-maternidade adequada e espaços de acolhimento infantil, impacta diretamente suas carreiras.
4. Assédio e preconceito
Muitas mulheres relatam episódios de assédio moral e sexual em ambientes de trabalho, além de situações em que sua competência é questionada por colegas ou pacientes.
As especialidades com maior e menor presença feminina
A escolha de especialidade médica ainda reflete questões culturais e estruturais. Segundo o estudo da Demografia Médica:
As mulheres são maioria em especialidades como Pediatria, Ginecologia e Medicina de Família.
Já em especialidades como Ortopedia, Neurocirurgia e Urologia, a presença feminina é significativamente menor.
Essa divisão mostra que, embora estejam presentes em todas as áreas, algumas especialidades ainda carregam estigmas de gênero, algo que vem sendo transformado pelas novas gerações.
Por que é importante promover a equidade de gênero na medicina?
A diversidade de gênero nas equipes médicas contribui diretamente para um cuidado mais humanizado, acessível e completo. Veja por quê:
Perspectiva ampliada: a inclusão de mulheres em decisões clínicas e estratégicas enriquece os pontos de vista e melhora a tomada de decisões.
Empatia e acolhimento: estudos indicam que as mulheres médicas tendem a investir mais tempo em escuta ativa, o que fortalece o vínculo com os pacientes.
Representatividade: pacientes mulheres se sentem mais confortáveis ao serem atendidas por médicas em algumas situações, como nas consultas ginecológicas.
Inspiração para novas gerações: quando ocupam espaços de destaque, mulheres profissionais da saúde inspiram meninas e jovens a seguirem esse caminho.
A importância de políticas públicas e ações institucionais
Para promover a equidade e combater os desafios enfrentados pelas mulheres na medicina, é essencial contar com políticas e iniciativas efetivas, como:
Equiparação salarial e transparência nos critérios de remuneração;
Combate ao assédio no ambiente de trabalho;
Licença-maternidade e paternidade adequadas e humanizadas;
Incentivo à participação feminina em cargos de liderança e em conselhos médicos;
Programas de mentoria e desenvolvimento profissional para mulheres médicas.
Como a presença feminina transforma a medicina
A atuação das mulheres na medicina traz um impacto profundo na forma como o cuidado é prestado. Com sua escuta atenta, olhar integral e sensibilidade, as médicas ampliam o conceito de saúde e contribuem para uma prática mais ética, humanizada e eficiente.
Mulheres também lideram pesquisas inovadoras, coordenam equipes multidisciplinares com excelência e desafiam padrões que por muito tempo limitaram o potencial feminino no campo da saúde.
Conclusão: o futuro é feito com equidade
A presença feminina na medicina é resultado de uma longa trajetória de luta, persistência e talento. Cada mulher que escolhe a saúde como profissão fortalece um sistema mais justo, inclusivo e preparado para cuidar de todos com mais empatia e eficiência.
A equidade de gênero na medicina não é apenas uma pauta de representatividade, mas uma necessidade para a evolução da saúde pública e privada. Que os próximos anos sejam marcados por mais reconhecimento, respeito e oportunidades iguais para todas as profissionais da saúde.
Fontes consultadas:
Conselho Federal de Medicina. Demografia Médica 2023. https://portal.cfm.org.br Acesso em: 02/06/2025.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. https://www.ipea.gov.br Acesso em: 02/06/2025.
Pós-graduada em Marketing Digital pela PUC Minas, atua desde 2020 no setor da saúde, desenvolvendo estratégias de comunicação e produzindo conteúdos relevantes e confiáveis para a área.
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